Conversas da PF revelam suspeitos em esquema de desvios em hospitais durante plantões judiciários.
Segundo informações obtidas pela Polícia Federal (PF), durante a Operação Churrascada, foi descoberto um esquema de corrupção envolvendo o gabinete do desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Os investigados utilizavam termos como ‘churrasco’, ‘carne’ e ‘picanha’ como forma de se referir a pagamentos de propina ao magistrado em troca de decisões judiciais favoráveis. A ação resultou no cumprimento de mandados de busca e apreensão no escritório do desembargador e no seu afastamento das funções por um ano, determinado pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
As conversas interceptadas revelam a utilização dos termos ‘picanha’ e ‘carne’ como códigos para os valores ilícitos que eram repassados a Ivo de Almeida. A Operação Churrascada trouxe à tona a complexidade do esquema de corrupção, evidenciando a necessidade de investigações rigorosas para combater práticas ilegais no sistema judiciário. A sociedade espera por transparência e integridade, rejeitando qualquer tipo de propina ou favorecimento indevido.
Operação Churrascada: Desvios e Prisões
Um pedido de prisão foi negado pela defesa, que aguarda acesso ao processo para reestabelecer a verdade e a Justiça. Mensagens incriminadoras foram descobertas nos celulares dos investigados, incluindo o guarda municipal Wellington Pires, envolvido em uma operação anterior em 2021 sobre desvios de hospitais públicos. O advogado Luiz Pires Moraes Neto e Valmi Lacerda Sampaio, falecido em 2019, também estão sob investigação, este último sendo amigo do desembargador em questão.
Nos diálogos interceptados, Ivo de Almeida é mencionado como alguém influenciável pelo grupo. A Polícia Federal revelou que Valmi era o responsável por marcar os ‘churrascos’, termo utilizado para se referir aos plantões judiciários nos quais Ivo de Almeida despachava, garantindo que pedidos especiais chegassem ao desembargador enquanto o relator habitual estava ausente. Em uma das mensagens, Valmi agenda um desses eventos para o dia 23/08.
Wellington menciona uma picanha para o churrasco, indicando uma possível troca de favores. Valmi solicita urgência na entrega de documentos para análise rápida. Posteriormente, Wellington compartilha detalhes de uma execução de pena de uma mulher condenada por furto. O advogado Luiz Pires questiona sobre a situação e menciona a necessidade de ‘correr atrás da carne’, sugerindo um possível pagamento em um posto de gasolina.
Valmi, associado a um posto de gasolina que recebeu pagamentos de Luiz Pires, levanta suspeitas de propina. A Procuradoria-Geral da República não confirma se houve decisões favoráveis do desembargador nesse contexto. Após a morte de Valmi, Wilson Vital Menezes Junior assume como interlocutor de Ivo de Almeida, alegando ser ‘filho’ do falecido.
Diálogos mais recentes apontam mudanças de decisões do desembargador em benefício de condenados defendidos pelo advogado, possivelmente envolvendo propina. Negociações ilícitas surgem, como no caso de Adormevil Vieira Santana, condenado por roubo e estelionato. Wellington discute com Wilson Vital sobre um habeas corpus, sugerindo pagamentos para influenciar o desembargador.
Os advogados também mencionam a venda de obras de arte para subornar o magistrado. No caso de Adomervil, o desembargador concedeu prisão domiciliar, contrariando seu histórico de decisões. A Polícia Federal descobriu essas práticas durante a investigação, revelando um esquema complexo de corrupção envolvendo diversos setores da justiça.
Fonte: © Direto News
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