Ronaldo estreou pela seleção em 23/03/1994, substituindo Bebeto contra a Argentina. Venceu 2 Copas do Mundo com a camisa do Brasil.
Quando Ronaldo entrou em campo vestindo a camisa da seleção brasileira pela primeira vez, com apenas 17 anos, já mostrava todo seu talento e potencial.
O Fenômeno Ronaldo foi um dos maiores jogadores de futebol da história, conquistando diversos títulos e quebrando recordes ao longo de sua carreira. Sua velocidade, habilidade e faro de gol fizeram dele um verdadeiro ídolo nos gramados.
Descobrindo o Fenômeno
Os mais de 90 mil torcedores presentes no estádio do Arruda, em Pernambuco, aplaudiam a atuação de Bebeto, autor de dois gols, enquanto um rapaz franzino, com cabelo bem curto e número 19 às costas, se preparava para jogar os últimos dez minutos do amistoso contra a Argentina.
O Brasil venceu por 2 a 0 naquele 23 de março de 1994, há exatamente três décadas, e conheceu de perto o menino que terminaria a carreira com dois títulos de Copa do Mundo e no posto de maior artilheiro do país em Mundiais. A partida em solo pernambucano foi violenta para os dois lados, com quase 70 faltas marcadas pelo árbitro brasileiro Wilson Souza de Mendonça, que mostrou apenas seis cartões amarelos.
O jovem Ronaldo pareceu não se importar: o primeiro toque na bola usando a Amarelinha foi de letra, no meio de campo, após receber passe de Leonardo. A bola foi interceptada e a jogada não prosseguiu. O duelo terminou com a torcida brasileira em êxtase, aos gritos de olé. O então camisa 19 até tentou, mas não teve muitas chances.
Nada que o abalasse – ainda haveriam mais 104 jogos pela seleção depois disso.
Virada de página
Ronaldo não tinha nem um ano como profissional quando estreou pela seleção brasileira. O primeiro jogo pela equipe principal do Cruzeiro aconteceu em 25 de maio de 1993, contra a Caldense, pelo Campeonato Mineiro. Não demorou para ser titular e virar artilheiro do clube nas temporadas de 1993 e 1994. Em pouco mais de um ano no time celeste, foram 56 gols em 58 jogos. As atuações em Minas Gerais chamaram a atenção da imprensa e dos torcedores.
Mas o então técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, que buscava fechar o grupo que iria para a Copa do Mundo de 1994, disputada nos Estados Unidos, mostrava – pelo menos publicamente – uma opinião firme sobre convocar um atleta tão jovem. ‘Quem pensa que com jovens vamos ganhar o Mundial, pensa diferente de mim’, dizia.
‘O Parreira já alimentava esse negócio de convocar o Ronaldo, pelo que ele vinha fazendo na época no Cruzeiro, mesmo com pouca idade, para conhecê-lo melhor, para estar junto com o grupo e para ver como ele se portava’, disse Moraci Sant’Anna, então preparador físico da seleção brasileira, à ESPN. O tom de Parreira nas entrevistas mudou.
O jogo contra a Argentina foi o antepenúltimo antes da convocação para a Copa. O atacante não entrou em campo no amistoso seguinte contra um combinado de PSG e Bordeaux, na França, mas jogou na vitória por 3 a 0 contra a Islândia, em Florianópolis, seis dias antes da lista final. Fez um dos gols e participou dos outros dois. Foi o que o credenciou para ter uma vaga no torneio mundial.
‘Ele se sobressaiu muito no Cruzeiro. Mais importante do que isso foi a personalidade que mostrou contra a Islândia’, disse o técnico, ao justificar a decisão de levá-lo aos Estados Unidos. Dois dias depois, em 12 de maio de 1994, o treinador já admitia que Ronaldo poderia até ser titular da seleção brasileira na Copa, que começaria pouco mais de um mês depois.
O time tinha Bebeto e Romário na dupla de ataque e Viola e Muller como opções. ‘Se Ronaldo mostrar que pode ser titular, não tenho por que barrá-lo’, afirmava. O centroavante não chegou a entrar em campo no Mundial, mas fez parte do tetracampeonato.
Segundo Moraci, a ideia da comissão já era prepará-lo para as edições seguintes.
O Carisma de Ronaldo
O grupo para a Copa do Mundo de 1994 já tinha uma base quando Ronaldo passou a ser convocado. Nomes como Edmundo e Evair, que foram testados, ficaram de fora. O jovem ‘furou a fila’, mas a recepção na seleção foi a melhor possível. ‘O pessoal tinha um carinho muito grande por ele.
Garoto de tudo. O grupo tinha um carinho, formou uma família. Ele foi muito bem acolhido. Claro que tem aquelas brincadeiras com quem é calouro, muito novo. Ele era muito sorridente, solícito, brincalhão.
O grupo acolheu muito bem’, disse Moraci. O ex-meio-campista Zinho, titular da equipe, também relembrou as brincadeiras com o ‘novato’. ‘Tinha aquela coisa de ‘ô, moleque, pega minha chuteira lá, carrega minha chuteira’. ‘Pega lá, me serve’, na hora da refeição. A gente tocava um samba, ele sempre estava ali, porque era um moleque descontraído.
Na hora do pagode, do ônibus, estava ali, pegava um tamborinzinho, um chocoalho, cantava os pagodes com a gente, e sempre a galera: ‘Ô, juvenil, vai devagar”, contou.
‘Virou um mascote, um amuleto, aquele garoto que o grupo abraçou e que foi muito importante mesmo sem entrar em nenhum jogo [na Copa do Mundo]. Foi peça importante em todo contexto’, completou.
Fonte: @ ESPN
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