Cartunista de carreira prolífica, conhecido por personagens emblemáticos e prêmio Jabuti, vinha lutando contra enfermidades nos últimos anos. Deixa filhos e segunda mulher.
O renomado artista Ziraldo faleceu neste fim de semana, aos 91 anos de idade. Sua genialidade ficará marcada para sempre na história da literatura infantojuvenil brasileira, sendo reconhecido principalmente pela criação do icônico personagem ‘O Menino Maluquinho’.
Ziraldo era muito mais do que um simples ilustrador ou cartunista. Sua contribuição para a cultura nacional vai além de suas obras: ele foi um verdadeiro ícone da resistência, participando ativamente da luta contra a opressão durante os anos de chumbo da Ditadura Militar. Seu legado permanecerá vivo, inspirando gerações futuras a enxergarem a importância do humor e da criatividade como formas de resistência e expressão.
Ziraldo Alves Pinto: O Criador de O Menino Maluquinho
Fora do Brasil, Ziraldo teve publicações em revistas como ‘Penthouse’ e ‘Mad’. Nascido em 24 de outubro de 1932, em Caratinga, Minas Gerais, o renomado desenhista, cartunista, ilustrador, jornalista e escritor Ziraldo Alves Pinto teve seu primeiro desenho publicado em 1939, ainda na infância, no jornal ‘Folha de Minas’.
Em 1949, Ziraldo mudou-se para o Rio de Janeiro, onde colaborou em periódicos infantis e também teve trabalhos publicados na revista ‘A Cigarra’. Em 1952, de volta a Minas Gerais, ingressou na Faculdade de Direito da UFMG, mas nunca exerceu a profissão. Dois anos depois, substituiu o cartunista Borjalo na ‘Folha de Minas’.
Em 1957, de volta ao Rio, iniciou sua jornada na revista ‘O Cruzeiro’, onde criou o emblemático Pererê, o saci. Com o sucesso do personagem, a editora da revista lançou uma publicação mensal exclusiva para as histórias de Ziraldo. Nascia assim ‘A Turma do Pererê’, o primeiro grande sucesso do artista.
Nos anos 1960, Ziraldo passou a colaborar com o ‘Jornal do Brasil’ e a revista ‘Pif-Paf’, sob a direção de Millôr Fernandes. Em 1969, foi co-criador de ‘O Pasquim’, ao lado de Jaguar, Tarso de Castro e Sérgio Cabral.
Um dos capítulos mais marcantes da revista foi a entrevista com Leila Diniz, que resultou no Decreto 1.077, da ditadura militar, que estabelecia a censura prévia da imprensa. Naquele mesmo ano, Ziraldo lançou seu primeiro livro infantil, ‘Flicts’, que narra a jornada de uma cor em busca de seu lugar no mundo.
Ziraldo: Sucesso com Personagens Emblemáticos e Premiações
Na década de 1960, surgiram personagens clássicos como Jeremias, o Bom, Supermãe e Mirinho. Além disso, Ziraldo se aventurou como cartazista em filmes como ‘Os Cafajestes’ e ‘Os Fuzis’, ambos dirigidos por Ruy Guerra.
Em 1982, Ziraldo deixou a redação de ‘O Pasquim’ para se dedicar principalmente aos livros infantis. Neste período, recebeu dois prêmios Jabuti, um pelo icônico ‘O Menino Maluquinho’ (1980) e outro por ‘O Bichinho da Maçã’ (1982).
As aventuras do Menino Maluquinho ganharam uma adaptação para a TV em 1996 e para o cinema em 2010, sob a direção de seu sobrinho. Em 1999, Ziraldo fundou as revistas ‘Bundas’ e ‘Palavra’. Em 2002, ao lado do irmão Zélio, lançou o periódico ‘O Pasquim21’.
Com Maurício de Sousa, Ziraldo lançou ‘Mônica e o Menino Maluquinho na Montanha Mágica’ em 2018, durante a Bienal do Livro de São Paulo. No entanto, pouco tempo depois, sofreu um AVC, mas conseguiu se recuperar.
Ziraldo: Legado Duradouro e Saúde Fragilizada
No ano passado, Ziraldo comemorou os 40 anos de ‘O Menino Maluquinho’, obra que já teve 129 edições, vendeu quatro milhões de cópias e foi publicado em mais de dez países. Adaptado para o cinema em 1995, o livro agora ganhará uma série animada na Netflix.
Ziraldo enfrentou problemas de saúde nos últimos anos, incluindo um infarto em 2013 e um AVC em 2018. Pai de Antonio Pinto e das cineastas Daniela Thomas e Fabrízia Pinto, o talentoso artista deixa um legado marcante e uma carreira prolífica na cultura brasileira.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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