Palestrantes discutem usabilidade, capacitação de gestores públicos e integração com a natureza no evento sobre Smart Cities. Artigo destaca modelos plurais de governança.
No evento de hoje, foi discutido mais uma vez o papel fundamental das cidades inteligentes no desenvolvimento urbano sustentável. A importância de investir em tecnologia para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos foi um dos principais temas abordados durante as palestras e mesas redondas. A busca por soluções inovadoras que tornem as cidades mais inteligentes e eficientes foi destacada como um caminho importante para enfrentar os desafios urbanos contemporâneos.
Além disso, os especialistas enfatizaram a necessidade de promover a participação ativa dos cidadãos no planejamento e na gestão das cidades mais inteligentes. A criação de canais transparentes de comunicação e o incentivo ao engajamento da população foram apontados como estratégias essenciais para construir uma cidade verdadeiramente conectada e inclusiva. A colaboração entre setores público e privado também foi citada como um elemento-chave para impulsionar o desenvolvimento de cidades inteligentes em todo o mundo.
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Foco na usabilidadeSuportes tecnológicos que já são viáveis podem ser reimplementados para resolver novos desafios. (Foto: Lívia Inácio/reprodução)Tecnologias disruptivas são bem-vindas, mas só serão efetivas se dialogarem com as dores de quem vive nas cidades. O potencial delas, portanto, está mais relacionado à capacidade de resolução de dilemas urbanos do que ao grau de sofisticação.
Elementos já presentes no cotidiano podem ter impacto efetivo.Se a maioria das pessoas tem um smartphone com Bluetooth, por que não usar a rede para mapear veículos roubados?
Essa questão, John Rhodel Bartolome, da Polkadot, foi o ponto de partida para um case de sucesso na Europa.Por meio desse mecanismo, a polícia francesa hoje acompanha o deslocamento de um veículo furtado, prevê a rota provável e o recupera rapidamente, conseguindo escolher o local mais seguro e eficaz para a abordagem.O Brasil possui outra inter implementação interessante a esse respeito a partir de dispositivos já usados.
Capacitação de gestores públicosOlhar para os problemas de modo inteligente é fundamental.
Por isso, uma estratégia inteligente de aprimorar a cultura da inovação no setor público é priorizar a capacitação dos gestores. Sensibilizar quem toma decisão na esfera pública é fundamental para que cenários alternativos sejam pensados, seja para novos problemas, seja para os velhos.’A gente derruba as paredes, coloca post-it nas que sobram e distribui pufes laranja pela sala.
Mas as práticas frequentemente são as mesmas’, diz André Tortato Rauen, do Instituto Serzedelo Correa, ligado ao Tribunal de Contas da União. Assim, mesmo quando há orçamento, estrutura e marcos regulatórios adequados, a cultura da governança pública nem sempre é aberta a construir práticas dinâmicas.
Integração com a naturezaTransformar a vida de quem vive nas cidades não é apenas desejável.
Algumas das necessidades são urgentes e devem hierarquizar a ação, a exemplo da dimensão climática. A sobrevivência da humanidade depende de mudar a rota do desenvolvimento atual e, por isso, exige outros modos de se relacionar com o meio ambiente.Continuar a construir prédios em concreto cercados de asfalto é um dos modos mais frequentes da falta de visão inovadora.
Cidades inteligentes precisam diversificar os modos de edificação, incluindo as construções do modo mais orgânico possível à dinâmica geoclimática do local.
A argentina Marcela Mondino, diretora programática da Fundación Avina, de Córdoba, acredita que a melhor saída seja emular o metabolismo da natureza e se integrar a ele.No mesmo sentido, o painelista Ciro Pirondi, da Associação Escola da Cidade, Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, defende uma revisão dos rumos do desenvolvimento atual.
Pensamento de longo prazoO poder estatal continua importante para dar suporte à dimensão estrutural das políticas públicas.
(Fonte: Lívia Inácio/Reprodução)Quando se fala em redesenhar as cidades, já existem tecnologias acessíveis para soluções mais inovadoras, sustentáveis e resilientes.
O problema é que elas cobram um preço caro e exigem um cálculo de longo prazo, que nem sempre dialogam com o apetite do setor privado.Assim como o usuário comum ainda pensa duas vezes em comprar veículos elétricos – o custo mais caro tende a se pagar pela redução no custo da rodagem, mas leva bons anos até isso ocorrer -, o mesmo ocorre com os modais coletivos.
Modelos plurais de governançaMas se engana quem acha que a capital chilena encontrou facilmente a saída para eletrificar sua frota.
Com oito milhões de habitantes, a Grande Santiago é formada por nada menos que 37 comunas, cada uma com uma gestão autônoma e democraticamente eleita. Portanto, é necessário um esforço extra de coordenação para somar esforços e planejar o espaço urbano de modo integrado.Outro case objetivo vem do sertão brasileiro.
André Agra, coordenador do Espaço Cidadania Digital do Tribunal de Contas da Paraíba, conta que o estado tem tido sucesso em transformar um problema em solução.
Contar com o poder da arte no design das cidadesAlém de tecnologia de dados, arte e integração com a natureza podem ser ingredientes para uma cidade mais inteligente.
Nada de sensores, chips, veículos ou outro artefato de tecnologia de ponta.
O grande destaque do segundo dia da Smart City Expo Curitiba ficou por conta da arte.
O muralista Eduardo Kobra esteve no evento e contou como usou cores e imagens para imprimir nas ruas da cidade a sua mensagem.O artista brasileiro, que assina dezenas de murais em países como Estados Unidos, Rússia, Japão, França, Itália e Colômbia, conta que começou sua carreira pintando brinquedos de parque de diversão.
Aos poucos, encontrou sua própria linguagem e transportou às paredes das cidades seu olhar questionador.’Eu só entrei em um museu próximo aos 30 anos de idade e meu pai só entrou em um, porque minha arte foi exposta lá’, conta Kobra.
Democratizar o acesso à arte e transformar as ruas pensando em todos os cidadãos é um recado que pode orientar a construção de cidades inteligentes em diversos aspectos.
Fonte: @Tech Mundo
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