Aumento populacional gera atrito com fábrica alemã por fumaça forte e odor químico na vizinhança, causando ardência nos olhos e garganta de moradores.
Moradores relatam presença de fumaça tóxica na região Sul de São Paulo. A densa fumaça preocupa os residentes, que temem os possíveis efeitos nocivos à saúde.
A situação da fumaça química na Zona Sul de São Paulo exige uma ação imediata das autoridades locais. É crucial investigar a origem e tomar medidas para proteger a população afetada.
Impacto da Fumaça na Vizinhança de Santo Amaro
É com essa expressão que Bianca, uma das residentes da área de Santo Amaro, localizada na Zona Sul de São Paulo, descreve a experiência de conviver com a fábrica da Isover Saint-Gobain, uma empresa alemã que se autodenomina como líder global em tratamento e isolamento térmico e acústico.
Bianca se mudou para essa região por volta de meados de 2022. Durante a fase de reforma de sua residência, ela já percebia um odor forte, porém, inicialmente, não conseguia identificar a origem. Acreditou, a princípio, que fosse proveniente de obras em outras casas, mas após o término dos serviços na vizinhança, o desconforto no ar persistiu.
Com o passar do tempo, a sensação de ardência nos olhos e na garganta se tornou mais evidente. Ao mencionar o problema em conversas com os vizinhos, ela percebeu que não estava sozinha nessa situação. Muitos deles também apresentavam sintomas semelhantes.
‘Eu me mudei quase no final do ano, a fábrica estava em recesso, então passei alguns dias sem sentir nada. Em janeiro, com o retorno das atividades, o pesadelo recomeçou. Conversando com os vizinhos, percebemos que não se tratava de uma simples reforma, mas sim da fumaça liberada pela Isover’, relatou ao Terra.
A presença constante da fumaça impede que Bianca desfrute das áreas de lazer de seu condomínio e do bairro. Segundo ela, o bem-estar da comunidade está diretamente ligado à direção do vento: quando a fumaça da chaminé da fábrica é levada em direção ao bairro, a única opção para respirar um ar minimamente saudável é fechar todas as aberturas e permanecer dentro de casa.
‘Essa fumaça restringe muito a minha vida. Em um dia em que gostaria de estar ao ar livre com minha filha, acabamos trancados dentro de casa, respirando o mesmo ar. É como uma prisão, sinto-me refém em minha própria residência. Vim para cá em busca de qualidade de vida, mas só encontrei problemas. Eu costumava ser ativa, praticava exercícios, mas parei por não conseguir respirar essa fumaça. Não podemos deixar nem uma fresta aberta, o ar é simplesmente irrespirável. Essa fábrica está afetando minha saúde, meu bolso, minha paz e minha liberdade’, desabafou a moradora em entrevista ao Terra.
Além de afetar a própria saúde, o problema de Bianca também impacta a saúde de sua filha. Desde a mudança para a região, a menina tem enfrentado piora em sua condição respiratória. Mesmo já sendo alérgica a ácaros, a mãe relata que a situação se agravou consideravelmente após a chegada ao bairro.
‘Ela tem uma alergia severa a ácaros. A intenção ao nos mudarmos para cá era que ela pudesse respirar melhor, mas sua alergia piorou significativamente desde então. Ela vive com coceira no nariz, desconforto constante, precisa faltar à escola em dias de crise e fazer uso de antialérgicos.’
Fonte: @ Terra
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