Programa pós-encarceramento usa vagas na área automobilística, oferece treinamento com VR, troca de óleo e habilidades para ex-detentos.
Em sua primeira semana de treinamento no emprego, Tiffany Joseph Busch teve a oportunidade de experimentar a troca de óleo de forma virtual, sem precisar lidar com um carro real. ‘Se eu soubesse que era tão simples, não teria gasto dinheiro com trocas de óleo’, comentou Busch, impressionada com a tecnologia.
Durante o treinamento, Tiffany Joseph Busch foi imersa em um ambiente virtual que simulava uma oficina mecânica. Nesse mundo virtual, pôde praticar diversas habilidades sem a necessidade de interagir com um carro de verdade. A experiência de realidade simulada proporcionou a Busch um aprendizado interativo e inovador, mostrando as possibilidades da tecnologia na capacitação profissional.
Realidade Virtual na Prisão: Capacitação para o Futuro
Em vez disso, ela adquiriu conhecimento em um ambiente virtual, utilizando um headset de realidade virtual Meta Quest. Busch, de 36 anos, está cumprindo pena na Instituição Correcional Feminina de Maryland (MCIW) e integra um grupo inicial de detentas que estão se aprimorando em habilidades em realidade virtual para se prepararem para o mercado de trabalho como técnicas automotivas após sua liberdade. Para Busch, que aguarda sua soltura em junho, após passar quase duas décadas atrás das grades, o programa pode representar uma vantagem crucial para reconstruir sua vida pós-prisão.
‘É essencial que recebamos algum tipo de treinamento’, afirmou Busch à CNN, em uma entrevista realizada no mês passado na prisão. ‘Estou entusiasmada para poder retornar para casa e aplicar o que aprendemos aqui.’ Embora a tecnologia de realidade virtual exista há mais de dez anos, ainda é comumente vista como uma tecnologia relativamente específica, utilizada principalmente por jogadores. No entanto, a MCIW, em colaboração com a organização sem fins lucrativos Vehicles for Change, sediada em Baltimore e responsável pelo desenvolvimento do programa, está investigando se os headsets de realidade virtual podem ampliar as oportunidades de treinamento profissional dentro das instituições penitenciárias.
O objetivo final é diminuir as taxas de reincidência, garantindo que os indivíduos encarcerados tenham uma rota para empregos bem remunerados após serem libertados. Em todo o território dos Estados Unidos, há uma grande demanda por técnicos automotivos – associações comerciais afirmam que o setor enfrenta dezenas de milhares de vagas não preenchidas anualmente. Em Maryland, essas posições geralmente oferecem salários acima do mínimo estadual de US$ 15 por hora (aproximadamente R$ 78).
‘É uma questão de garantir empregos que levem as pessoas a uma carreira e as mantenham longe da reincidência’, declarou o presidente da Vehicles for Change, Martin Schwartz. ‘Se conseguirmos empregos remunerados entre US$ 16 e US$ 20 por hora (cerca de R$ 83 a R$ 104), podemos mudar o cenário das taxas de reincidência.’ A Vehicles for Change foi estabelecida em 1999 com o propósito de disponibilizar carros acessíveis para famílias de baixa renda.
Em 2016, a organização sem fins lucrativos desenvolveu um programa de formação presencial para técnicos automotivos voltado para ex-detentos – os participantes recebiam treinamento remunerado enquanto consertavam veículos que seriam posteriormente entregues aos clientes da organização. A entidade mantém parcerias com empregadores como a Napa Auto Parts e a AAA (American Automobile Association), cujos representantes integram seu conselho, para auxiliar os formandos a conquistarem empregos integrais após a conclusão do programa. No entanto, durante a pandemia de Covid-19, o número de aprendizes que a Vehicles for Change conseguia alcançar foi reduzido.
Fonte: © CNN Brasil
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