Resultado de estudo da Repu e Gepud sobre mudança curricular, com entrevistados.
(FOLHAPRESS) – De acordo com uma pesquisa realizada na rede estadual de São Paulo, a maioria dos estudantes que concluíram os três anos do ensino médio após a mudança curricular sentem-se despreparados para os desafios do Enem e de outros vestibulares.
Essa nova abordagem no ensino médio tem levantado questões sobre a qualidade da educação secundária e o impacto no desempenho dos alunos. Muitos jovens que concluíram o colegial sob esse novo modelo relataram dificuldades e inseguranças na hora de se submeterem aos exames de admissão ao ensino superior. É necessário um esforço conjunto para garantir que os estudantes estejam de fato preparados para os desafios que os esperam após a conclusão do ensino médio.
Estudo realizado pela Repu e Gepud analisa impactos da mudança curricular no ensino médio
Esse é um dos resultados de uma pesquisa conduzida pela Rede Escola Pública e Universidade (Repu) e pelo Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud).
Os grupos, compostos por pesquisadores de diversas instituições de ensino superior públicas de São Paulo, acompanham há três anos a implementação do novo modelo de ensino médio nas escolas estaduais paulistas, que representam o maior contingente de matriculados e foram pioneiras na adesão a essa proposta.
Entrevistados apontam desafios na transição para o ensino médio
No período de 23 de outubro e 4 de novembro de 2023, 696 estudantes concluintes do ensino médio de seis escolas estaduais foram ouvidos. A legislação do novo ensino médio, sancionada durante o governo Temer (MDB), determina que os alunos devem cumprir 3.000 horas de aulas ao longo dos três anos da etapa, sendo 1.800 horas (60%) destinadas às disciplinas comuns a todos.
As 1.200 horas restantes (40%) são voltadas para os chamados itinerários formativos. O estudo revela que 85% dos entrevistados mencionaram que a redução do tempo dedicado às disciplinas regulares gerou uma sensação de despreparo para o Enem e outros vestibulares, assim como a falta de confiança na seleção para o ensino superior.
Desafios do novo modelo de ensino médio em São Paulo
De acordo com a Folha de S.Paulo, a reorganização curricular do ensino médio no estado de São Paulo resultou na ausência de aulas de história, geografia, biologia, química e física no último ano dessa etapa educacional. Além disso, os alunos tinham apenas duas aulas semanais de matemática e português.
A diminuição das disciplinas convencionais ocorreu para abrir espaço às matérias dos itinerários formativos, uma parte do currículo que supostamente oferece aos alunos a possibilidade de escolher uma área do conhecimento para se aprofundar nos estudos.
Insatisfações e desafios enfrentados pelos estudantes no novo modelo de ensino médio
A pesquisa também constatou que 64,5% dos estudantes entrevistados não seguiram o itinerário que escolheram. Ana Paula Corti, uma das pesquisadoras responsáveis, destaca que a implementação do novo currículo foi acompanhada desde o início para observar como a política se concretiza na prática escolar.
Corti ressalta que, na edição anterior do Enem, São Paulo registrou a segunda menor taxa de participação na prova, com apenas 34% dos concluintes de escolas públicas realizando o exame.
Perspectivas e desafios no cenário educacional com a reforma do ensino médio
A coordenadora da pesquisa, Márcia Jacomini, enfatiza que a redução das disciplinas comuns tende a impactar negativamente na vida dos estudantes. Embora o novo ensino médio promova a antecipação da escolha profissional por meio dos itinerários formativos, a pesquisa revela que a maioria dos alunos não ficou satisfeita com o itinerário cursado e reprovou as disciplinas criadas para essa parte opcional do currículo.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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