Dia 8 de março, um clamor por igualdade e espaço. Retratos replicados, forças amordaçadas, esperanças vãs de pertencer. Utopia vulnerável.
Mais uma vez chega o momento de celebrar a força e a resiliência da mulher, de reconhecer sua importância e luta diária por direitos e igualdade. Dia Internacional da Mulher, momento de reflexão e reconhecimento, de enaltecer as conquistas e desafios enfrentados por todas nós. Que cada mulher encontre em si mesma a coragem e determinação para seguir em frente, encarando os obstáculos com garra e bravura.
O universo feminino é vasto e complexo, cheio de nuances e contradições, de doçura e força bruta. Cada dama carrega em si uma história única e singular, uma jornada repleta de superações e vitórias. Que o mundo reconheça o valor e a importância do gênero mulher, respeitando suas escolhas e sua individualidade. A luta pela igualdade de direitos é constante e necessária, e cada passo dado é uma vitória rumo a um mundo mais justo e equânime para todas as mulheres.
Retrato de Picasso: o Universo Feminino
No espelho, sou cubista, obra inacabada, universo egoísta. Perdida em frivolidades, sou caridosa, sou consumista, preciso reencontrar o meu eu protagonista. Dez anos atrás, velha me senti; dez quilos a menos, magra nunca me vi. Cabelos, pele, em guerra comigo, O corpo ofensivamente normal, meu íntimo inimigo.
Estatura em sapato alto, uma miragem, cor da pele ajustada, viva a maquiagem, nas pernas, a utopia em busca incessante, nas formas, a desarmonia, a luta constante. Na voz, o silêncio, ecoando a solidão, nas curvas, a insensatez, o desespero por direção. No sorriso, a esperança mais pura, no cérebro, a nudez mais dura.
Retratos Replicados: a Mulher na Sociedade Moderna
Nos olhos, o oceano, profunda rasura, encarnadas em mulheres, somos erro e releitura. Na roda da moda, giramos, perdidas, camuflando as imperfeições, escondendo as feridas. De pixels somos feitas, em telas, iludidas, mulheres tão diversas, cada vez mais parecidas. Intactas subversões, essências corrompidas, somos Arte, resistência, somos beco sem saída.
Todas as nossas selfies são solidões admiradas, Em imagens retocadas, com legendas replicadas. Nas telas, refletidas, mulheres aprisionadas, na vida real, escondidas, forças amordaçadas. Não sou eu que falho, é a sociedade que erra, na pressa de padronizar, institui a guerra. Não é a aparência que nos condena, mas a voz que silencia, essa sim, nos destrói e envenena.
Lutando Contra a Maré: O Anseio por Igualdade
Nos perfis, esperanças vãs de pertencer, aos olhos alheios, nas profundezas do nosso ser. Em redes e teias, delicadamente nos perdemos, escondendo as cicatrizes, em caminhos que não escolhemos. E aqui a minha revelação mais bela e mais certeira: a mulher oprimida, em nossa era derradeira, sou eu, és tu, somos todas – inimigas e parceiras, lutando contra a maré, despedaçadas e inteiras.
► *FERNANDA VAN DER LAAN É PSICÓLOGA / @fernandissima
Fonte: © TNH1
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