Bolsas em alta após anúncio de Jerome Powell do BC americano sobre possíveis três cortes de juros este ano. Principais índices acionários seguem otimistas.
A oscilação nos juros internacionais, principalmente nos Estados Unidos (EUA), tem impactado diretamente a economia brasileira, refletindo na instabilidade da bolsa de valores do país e influenciando negativamente o mercado financeiro nacional. Essa volatilidade tem gerado preocupações entre os investidores e contribuído para a saída de capital estrangeiro, resultando em um cenário desfavorável para o desenvolvimento econômico local.
A expectativa em relação à taxa de juros do Federal Reserve (FED) e a possível elevação das taxas nos EUA têm gerado uma onda de incertezas nos mercados globais, impactando diretamente o comportamento dos investidores e a movimentação de recursos. Diante desse cenário, é fundamental que o Brasil adote medidas estratégicas para minimizar os efeitos dessas variações e buscar alternativas para manter a estabilidade econômica, fortalecendo assim a confiança dos agentes financeiros e a atratividade do nosso mercado.
Os rumos da política monetária e o impacto nos juros
Mas nesta superquarta o movimento foi o contrário. Foram as notícias da gringa que elevaram os ânimos por aqui, antes mesmo da decisão e comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) saírem, logo mais às 18h30.
- O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira, subiu 1,25%, a 129.125 pontos, seguindo o movimento dos pares em Nova York. Na semana, o saldo está positivo em 1,88%. Em março, sobe 0,08%.
Em 2024, 3,77%.
- Das 86 ações do índice, 76 subiram e 8 tiveram queda, enquanto duas ficaram estáveis.
Como já era esperado, as taxas de referência foram mantidas no intervalo de 5,25% e 5,5% ao ano.
Mas a alegria mesmo veio ao saber que a maioria do colegiado do Federal Reserve (Fed) segue confiante de que haverá não somente dois, mas três cortes este ano. A expectativa se mantém que os juros recuem, portanto, 0,75 ponto percentual até dezembro. A cereja do bolo para o mercado foi o discurso do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell.
‘Existia um temor no mercado que os dados recentes mais fortes na parte de atividade e inflação pudessem mexer com a projeção do comitê de três cortes para dois este ano. Tal receio não se concretizou, o que causou uma reação positiva imediata nos ativos de risco’, comenta Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.
Destacou, ainda, que o aumento salarial e a abertura de novas vagas de emprego têm diminuído nos EUA, o que configura um cenário propício ao afrouxo. ‘Minha leitura é de que o comitê não quis gerar qualquer sinal de que ocorreram mudanças na percepção dos participantes de janeiro para cá.
Em resumo repetiram a mensagem principal da reunião anterior: a estrada para percorrer a última milha no processo de inflação não é apenas esburaca, mas também apresenta alguma neblina. Estamos indo bem, mas será necessário esperar mais um pouco para ver o que nos espera mais para frente’, afirma Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
Caso o cenário de três cortes se concretize, as reduções nas taxas têm potencial para elevar as bolsas e fazer com que as atenções se voltem para mercados emergentes como o Brasil. No momento, a renda fixa nos Estados Unidos, considerada super segura, segue atrativa.
Mas na medida em que os juros caírem, a percepção vai mudando e os investidores tendem a buscar ativos com maior potencial de valorização, por consequência mais risco, como o Brasil. Mas nem tudo são flores.
Apesar de o mercado desejar ser otimista e ter feito uma leitura adequada a esse anseio a partir das falas de Jerome Powell, o comitê também fez alterações em suas projeções, indicando que a economia deve crescer ainda mais e a inflação do núcleo (que exclui preços mais voláteis como alimentos e energia) também deve subir mais do que constava no comunicado anterior.
‘Comitê enfrenta um dilema: se o Fed afrouxar a política monetária prematuramente, pode gerar um descontrole de preços, mas se aguardar muito para cortar os juros, poderá comprometer a atividade econômica. Dado que a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam sustentando a economia, o Fed não terá pressa em tomar decisões’, avalia Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
- Nessa euforia, a carteira teórica mais famosa do Brasil girou R$ 17 bilhões, praticamente em linha com a média diária de R$ 18 bilhões dos últimos 12 meses.
O preço do dólar enfim teve um dia de queda, recuando 1,09%, a R$ 4,97, aliviando após uma série de altas que o levaram à maior cotação desde outubro.
Rombo de saques e o movimento dos pares em Nova York
No acumulado da semana, a divisa caiu 0,46% ante o real. Neste mês, avançou 0,04% até aqui. Neste ano, a alta foi de 2,51%. O dia de reação do apetite ao risco também ficou refletido na curva de juros futuros nacional. Alinhadamente à americana:
- Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic.
Taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 escorregaram de 9,98% a 9,91%.
- Já para janeiro de 2034, de 11% a 10,89%. Quanto mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo (‘risco fiscal’, se preferir).
Para que o clima continue animador por aqui, é preciso que o cenário local não atrapalhe a onda de apetite ao risco do exterior.
Em momento de queda de popularidade do presidente Lula, não espantaria se o governo gastasse um pouco mais para mostrar serviço e reconquistar o coração do eleitorado. Se for por esse caminho, a meta de déficit zero poderá ficar mais distante, ser adiada, quem sabe.
Isso aumentaria a desconfiança em relação à saúde das contas públicas, resultando em aumento na curva de juros e fuga de recursos da bolsa. Mas tudo isso são cenas dos próximos capítulos. Entre as ações locais, o destaque foi para a Braskem 15,69%.
Taxa de juros e o descontrole de preços na economia brasileira
Depois de um período de quedas após o desgosto com a política de dividendos, a Petrobras ajudou o Ibovespa a subir hoje, apesar da queda no preço do petróleo. Recentemente, a commodity atingiu alta valorização, a maior em quatro meses, o que levou a uma realização de lucros na sessão desta quarta-feira.
As ações ordinárias (ON, com direito a voto em assembleias) subiram 2,08%; preferenciais (PN, com preferência por dividendos), 1,75%.
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Fonte: @ Valor Invest Globo
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