Mara Telles, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais, destaca a atuação da bancada evangélica e a teologia do domínio para ganhar apoio de grupos religiosos.
A participação de grupos religiosos, em especial os evangélicos neopentecostais, tem se destacado nas eleições municipais no Brasil.
Esse envolvimento tem impacto significativo no pleito municipal, influenciando a votação nas cidades e o exercício do sufrágio local.
As Estratégias dos Grupos Religiosos nas Eleições Municipais
De acordo com Mara Telles, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel) e docente na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o pleito municipal está sendo impactado por uma corrente teológica conhecida como ‘teologia do domínio’. Telles destaca que essa corrente sugere que Jesus retornará à Terra e seus seguidores devem preparar o terreno para sua chegada, envolvendo-se ativamente na política, sociedade, mídia e entretenimento.
Especificamente nas cidades, o sufrágio tem sido influenciado por ações de grupos religiosos, em especial os evangélicos e neopentecostais, que buscam ganhar apoio para suas causas e transformar sua fé em votos. Telles ressalta que, para conquistar espaço, esses grupos adotam estratégias específicas, visando formar uma bancada evangélica forte e influente.
No contexto das eleições municipais, é notável o crescimento do número de candidatos ligados a correntes cristãs, como ‘bispo’ e ‘irmão’, sendo os partidos Republicanos e PL os mais bem-sucedidos nessa empreitada, seguindo a linha do ex-presidente Jair Bolsonaro. Telles enfatiza que, embora nem todos os evangélicos sigam a ‘teologia do domínio’, uma parcela significativa adere a essa crença no retorno de Jesus e na necessidade de preparar o terreno para sua vinda.
Além disso, é esperado que nas eleições municipais deste ano, questões morais relacionadas à família, como aborto, união civil entre pessoas do mesmo sexo e ‘ideologia de gênero’ na educação, sejam temas em destaque. Telles adverte, no entanto, que a polarização em torno dessas questões pode desviar a atenção dos reais problemas enfrentados pelas cidades, como desigualdade, mobilidade, saúde e educação.
Diante desse cenário, é crucial manter o foco em questões fundamentais para o desenvolvimento das cidades, evitando que as eleições municipais sejam dominadas por debates polarizados em torno de pautas morais. A reflexão sobre o papel dos grupos religiosos, suas estratégias e a influência nas decisões eleitorais é essencial para uma participação cidadã consciente e informada.
Fonte: @ CNN Brasil
Comentários sobre este artigo