Falta de educação financeira ameaça orçamento de famílias endividadas. É uma tragédia anunciada, resultado da ausência de uma Estratégia Nacional de Educação Financeira que atinja todas as classes de renda.
Com o aumento da popularidade das apostas online, é fundamental que as pessoas tenham uma boa educação financeira para gerenciar seus recursos de forma eficaz. No entanto, o volume mensal de 20 bilhões de reais transferidos para apostas online, segundo estimativas do Banco Central, é um sinal de alerta para a necessidade de uma maior conscientização sobre o uso responsável do dinheiro.
A falta de alfabetização financeira pode levar as pessoas a tomar decisões financeiras precipitadas, como reduzir a compra de mantimentos para apostar em jogos online, como o “jogo do Tigrinho”. É importante que as pessoas tenham um bom conhecimento financeiro para entender os riscos e as consequências de suas ações. Além disso, é fundamental que as famílias priorizem a educação financeira e o planejamento financeiro para garantir um futuro mais seguro e estável. Aprender a gerenciar o dinheiro é fundamental para o sucesso financeiro.
A Falta de Educação Financeira no Brasil
A recente onda de apostas online é apenas um sintoma de um problema mais profundo que afeta o país há anos: a falta de educação financeira. A promessa de retorno rápido e fácil é tentadora, mas ilusória. Segundo uma pesquisa do Instituto Locomotiva, nos primeiros sete meses de 2024, 25 milhões de brasileiros começaram a apostar online, cinco vezes mais do que o número de CPFs que investem em ações na B3. Isso é um claro indicativo da falta de cultura de investimento no país.
A falta de alfabetização financeira e literacia financeira é um problema que afeta a sociedade brasileira como um todo. Quando se trata de jogos de azar, há fatores neuropsicológicos que explicam seu caráter viciante, mas o que nos cabe questionar é o que leva os brasileiros a se tornarem presas fáceis dessas ‘soluções milagrosas’ e como podemos contribuir para sanar esse problema.
A Estratégia Nacional de Educação Financeira
O Estado brasileiro reconhece a complexidade dessa questão e vem promovendo iniciativas para endereçá-la. A Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), instituída em 2010, é um exemplo disso. A inclusão dos temas de educação financeira na Base Nacional Comum Curricular para escolas de ensino fundamental em 2018 foi um avanço enorme, mas significa que as transformações culturais que trarão uma mudança de comportamento para a sociedade brasileira ainda levarão uma geração para serem verificadas.
A questão tornou-se mais urgente para o mercado de capitais desde 2017, quando o número de investidores de varejo começou a aumentar vertiginosamente no país, movido principalmente pelas redes sociais. A indústria se transformou, com gestores criando produtos voltados às pessoas físicas e companhias listadas modificando a comunicação do RI para incluir este segmento. No entanto, as regras não avançaram com a mesma velocidade para abranger, por exemplo, os influenciadores digitais.
O Papel dos Influenciadores Digitais
Os influenciadores digitais contribuíram positivamente para popularizar o tema da educação financeira, provendo informações sobre finanças pessoais com um formato e linguagem acessíveis. Seu sucesso ampliou o alcance de conteúdos sobre educação financeira e ajudou a desenvolver ainda mais o mercado de capitais. Com o tempo, eles se tornaram cada vez mais populares e verdadeiramente influentes. Entre 2020 e 2023, o número de influenciadores monitorados pela pesquisa Finfluence, da Anbima e da CVM, aumentou significativamente.
A falta de educação financeira é um problema complexo que requer uma abordagem multifacetada. A indústria financeira, o governo e os influenciadores digitais têm um papel importante a desempenhar na promoção da alfabetização financeira e literacia financeira. É fundamental que trabalhemos juntos para criar uma cultura de investimento mais sólida e responsável no Brasil.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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