Pesquisa AtlasIntel: 9 em 10 brasileiros conhecem PL 1904/2024 sobre interrupção da gravidez. Opinião pública em disputa de narrativas contrárias.
No debate sobre criminalizar ou não mulheres que realizam aborto após a 22ª semana de gestação, mesmo nas situações que o Código Penal não considera crime a interrupção da gravidez, prevaleceu a opinião da maioria da população.
É importante refletir sobre as consequências sociais e de saúde pública relacionadas ao aborto. A discussão sobre a interrupção da gravidez deve considerar a complexidade do tema e buscar soluções que garantam os direitos das mulheres.
Aborto: Um Debate que Ocupou os Vácuos na Política
E surgiram lições valiosas sobre como os vácuos na política podem ser preenchidos pela sociedade de forma inesperada. Os dados levantados pela AtlasIntel para o programa GPS CNN revelam que a questão do aborto realmente mobilizou a opinião pública de maneira significativa. Surpreendentemente, 9 em cada 10 brasileiros tomaram conhecimento do PL 1904/2024, cuja urgência foi aprovada em tempo recorde pela Câmara dos Deputados. Agora, o tema se tornou objeto de intenso debate ao longo do segundo semestre, como anunciado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Não se tratou apenas de uma disputa de narrativa nas redes sociais, mas sim do início de uma reação contrária ao movimento, conforme evidenciam pesquisas realizadas por empresas como Quaest e Palver em diversas plataformas abertas e aplicativos de mensagens.
O projeto de lei em questão despertou interesse não apenas virtualmente, mas também nas ruas, nas praças, nas praias de Norte a Sul do país, envolvendo homens e mulheres, pessoas de diferentes classes sociais, crenças religiosas e convicções políticas.
A pesquisa realizada pela Atlas/CNN revelou que a maioria das pessoas não concorda com a equiparação do aborto após 22 semanas a um homicídio. De acordo com os dados, 71% dos entrevistados acreditam que uma grávida que interrompe a gestação nesse estágio não deve ser considerada uma assassina. Essa visão é ainda mais forte em casos de estupro ou risco à vida da mãe, com 39,9% e 30,9% dos entrevistados, respectivamente, defendendo essa posição.
Por outro lado, 29% dos entrevistados veem o aborto após a 22ª semana como um ato equivalente a um homicídio, demonstrando a polarização de opiniões sobre o tema.
Com base na ampla divulgação e discussão em torno do assunto, é possível inferir que as opiniões expressas são firmes e embasadas, indicando que poucos entrevistados haviam refletido previamente sobre o tema em seus círculos sociais.
É importante considerar que parte significativa da população foi informada sobre os riscos enfrentados por meninas de 10 a 14 anos que podem ser vítimas de estupro e necessitarem recorrer ao direito ao aborto legal.
Quanto ao apoio à criminalização do aborto em todas as circunstâncias, é relevante analisar quais segmentos da sociedade demonstram maior adesão a essa proposta. Entre os evangélicos, por exemplo, 57,7% são favoráveis à criminalização do aborto após 22 semanas, um índice semelhante ao observado entre os eleitores de Jair Bolsonaro nas eleições municipais.
A pesquisa também revela que o apoio à punição da mãe que pratica o aborto, mesmo em casos de estupro, diminui à medida que aumentam a idade, a escolaridade e a renda dos entrevistados. Além disso, as mulheres demonstram maior resistência ao PL do que os homens, com 27,5% concordando com a equiparação ao homicídio em qualquer circunstância, em comparação com 30,6% dos homens.
Esse episódio ilustra o quão complexo pode ser avançar em questões relacionadas aos costumes, especialmente em um momento de intensa polarização na sociedade.
Fonte: @ CNN Brasil
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