BC Presidente Roberto Campos Neto fala em evento da FGV Ibre; indicadores locais pioram após fala, possível desancoragem de preços.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira (24) que aparentemente não há mais elementos para afirmar que a inflação dos alimentos vai voltar a cair no mundo. A decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic para conter a inflação foi um reflexo da preocupação com o cenário econômico global.
Campos Neto ressaltou a importância de monitorar de perto a evolução da taxa básica de juros para garantir a estabilidade econômica do país. A elevação da Selic é uma medida necessária para controlar os juros e manter a inflação sob controle, mesmo diante dos desafios atuais.
Impacto do desastre climático
Durante o X Seminário Anual de Política Monetária, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), o presidente do Banco Central enfatizou a deterioração do cenário para cortes da Selic, com a possibilidade de uma aceleração da alta dos preços no Brasil e indicadores extremamente resilientes no exterior. Após as declarações de Campos Neto, o Ibovespa, que estava indeciso, começou a cair de forma consistente, registrando uma queda de 0,3% por volta das 15h40, situando-se em 124.334 pontos.
Os juros futuros e o dólar passaram a subir com mais vigor, antecipando a divulgação do relatório Focus, que poderia indicar um novo movimento de desancoragem nas expectativas de inflação. Por volta das 16h, o dólar comercial estava sendo negociado em alta de 0,33%, a R$ 5,1704, após atingir a máxima de R$ 5,1764. A moeda brasileira apresentava o desempenho mais fraco entre as 33 moedas mais líquidas.
Na mesma faixa de horário, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subiu de 10,39% para 10,395%; a do DI para janeiro de 2026 aumentou de 10,755% para 10,825%; a do contrato para janeiro de 2027 avançou de 11,08% para 11,135%; e a do DI para janeiro de 2029 escalou de 11,535% para 11,555%.
Campos Neto destacou as preocupações em relação às mudanças climáticas e seu possível impacto nos preços dos alimentos e da energia globalmente, bem como o papel dos bancos centrais nesse contexto. Sobre o desastre climático no Rio Grande do Sul, o presidente do BC mencionou a necessidade de aguardar para avaliar as consequências das enchentes nas variáveis econômicas e no resultado fiscal do país.
O chefe da autarquia ressaltou que estão sendo realizados cálculos para mensurar o impacto do desastre no IPCA e no PIB deste ano, especialmente no setor de alimentos. Ele enfatizou que as safras de arroz e trigo serão as mais afetadas pelas enchentes no estado gaúcho, e que é preciso esperar para determinar os custos da reconstrução. Campos Neto mencionou que os custos de produção decorrentes dos efeitos climáticos têm sido elevados para as empresas, superando os anos anteriores.
Diante desse cenário, o presidente do BC reconheceu que as expectativas de uma queda mais expressiva dos juros nos Estados Unidos não se concretizaram conforme o esperado.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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