Depois de grande eco de pessoas traumatizadas por “Bebê Rena”, especialista explica possíveis causas: traumas, cenas polêmicas, público chocado, sentimento, compassão, compadecimento, empatia, revisitar.
A série Baby Reindeer, baseada em fatos reais da vida de Richard Gadd — roteirista e ator principal da história — está ganhando destaque no Netflix, enquanto desperta uma onda de ‘traumas’ com sequências controversas. Um dos momentos marcantes envolve o trauma do abuso sexual enfrentado pelo protagonista, apresentado de maneira impactante na trama.
Além disso, a série aborda de forma intensa questões relacionadas à violência psicológica, evidenciando a complexidade das consequências do trauma. A narrativa envolvente e corajosa de Baby Reindeer está desafiando padrões e ampliando discussões importantes sobre o abuso e suas ramificações na vida das pessoas.
Revelações de Richard sobre Trauma e Abuso na Produção
Richard, que vivenciou episódios de trauma e violência em sua vida pessoal e os retrata de forma intensa em sua produção, compartilhou em um vídeo sua esperança de encorajar outras vítimas de abuso a enfrentarem seus próprios traumas. Ele expressou sua preocupação em inspirar aqueles que passaram por situações difíceis a reconhecerem e lidarem com seus traumas, sem permitir que isso os defina como pessoas. ‘Espero que eles se sintam encorajados a assumir esse trauma em suas vidas e a enfrentá-lo sem ver isso como uma alteração de si mesmos’, destacou.
O Poder das Cenas Chocantes na Mídia
Diante de toda a comoção e polêmicas geradas pelo público ao assistir cenas impactantes como as apresentadas em Bebê Rena, surge a questão sobre o porquê essas imagens provocam reações tão intensas. Segundo a psicóloga Alessandra Araújo, a resposta está no despertar da empatia. Mesmo em uma sociedade muitas vezes marcada pela individualidade e egoísmo, presenciar cenas que retratam violência aciona sentimentos de compaixão e compadecimento pelos indivíduos que sofreram tais traumas. O abuso, infelizmente tão frequente, cria uma conexão emocional mesmo em quem não foi diretamente afetado.
A Importância de Revisitar e Superar Traumas
Para aqueles que vivenciaram traumas semelhantes, assistir cenas como as de Bebê Rena pode ser uma forma de reviver o sofrimento, acionando gatilhos emocionais que os transportam de volta àqueles momentos dolorosos. A psicóloga ressalta a complexidade desse processo, enfatizando a necessidade de evocar a empatia e a compaixão por si mesmos durante o caminho de cura e ressignificação dessas experiências.
Muitas vezes, é aconselhável evitar cenas que despertem o trauma de forma tão intensa para aqueles que ainda não passaram pelo processo completo de cura. A reflexão e o cuidado com as próprias emoções são fundamentais para enfrentar o impacto de situações dolorosas do passado.
Os Impactos Duradouros do Abuso na Vida Adulta
Contrariando a crença de que traumas infantis são superados com o tempo e permanecem no passado, a realidade mostra que essas experiências têm profundos e duradouros reflexos na vida adulta. Comportamentos aparentemente desconexos com a sexualidade, na verdade, podem ser fortemente influenciados por traumas passados, como insegurança, dificuldade de expressão, medo do abandono e baixa autoestima.
A terapeuta destaca a importância de buscar ajuda especializada para lidar e curar os traumas do abuso sexual. O processo de cura não consiste em apagar as memórias, mas sim em aprender a conviver com elas e a reestruturar a própria narrativa pessoal, permitindo a reconstrução de uma identidade mais saudável e resiliente.
Fonte: @ Metropoles
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