Caleb Everett, linguista que viveu com os pirahãs, escreveu sobre diversidade linguística: conceitos básicos universais e novas palavras no tempo e espaço.
Todos nós humanos vivemos no mesmo mundo e temos experiências semelhantes. Por isso, todas as línguas faladas no planeta possuem as mesmas categorias básicas universais para expressar ideias e objetos — refletindo essa experiência humana comum.
Além disso, a comunicação é essencial para a interação entre as pessoas, independente do idioma que falam. Através da fala, podemos nos conectar, compartilhar conhecimento e experiências de vida.
Língua e Comunicação: A Importância dos Idiomas na Forma de Pensar
A importância da língua e da comunicação tem sido discutida por diversos linguistas ao longo dos anos. No entanto, o linguista americano Caleb Everett traz uma nova perspectiva ao analisar os idiomas de forma mais aprofundada. Ele argumenta que muitos conceitos básicos não são universais e que a maneira como os falantes de línguas diferentes veem e pensam o mundo pode variar significativamente.
Em seu novo livro, baseado em extensas pesquisas realizadas na Amazônia brasileira, Everett explora como diferentes culturas concebem o tempo, o espaço e os números de maneiras distintas. Ele destaca que algumas línguas possuem uma variedade de palavras para descrever um único conceito, como o tempo, enquanto outras, como a Tupi Kawahib, nem mesmo possuem uma definição para o tempo.
Caleb Everett, com sua experiência única de infância, cresceu dividindo seu tempo entre os Estados Unidos e o Brasil, imerso em diferentes contextos linguísticos e culturais. Filho de Daniel Everett, um missionário cristão convertido ao estudo da linguística, Caleb teve a oportunidade de viver entre os indígenas brasileiros, absorvendo suas línguas e tradições.
Ao longo de sua trajetória, Caleb sempre se questionou sobre a universalidade da forma como os seres humanos aprendem e compreendem os números. Sua vivência com os povos indígenas do Brasil o levou a desafiar essa ideia, culminando em uma mudança de carreira e no início de uma jornada dedicada à pesquisa linguística na Amazônia.
Seu primeiro livro, ‘Numbers and the Making of Us: Counting and the Course of Human Cultures’, lançado em 2017, aborda a influência dos números nas diferentes culturas humanas, defendendo que a concepção numérica não é inata, mas sim moldada pela cultura e pelo idioma. Em sua obra mais recente, ‘A Myriad of Tongues: How Languages Reveal Differences in How We Think’, Everett explora como as línguas refletem as diferenças em nossos processos mentais e na forma como concebemos o mundo ao nosso redor.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo